Filho ou bastardo!

Série: Coisas que um cristão não gosta de ouvir

"Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos."

Hebreus 12:8

Até algumas décadas atrás a palavra bastardo era uma verdadeira ofensa e humilhação. Na época da escravidão ser um filho bastardo ainda era algo terrível, uma verdadeira humilhação a qualquer um. E sem romancear a Bíblia, como alguns fazem, o sentido usado pelo autor do livro de Hebreus procura mostrar um significado muito semelhante. Para entender melhor, vejamos o que se descreve no v. 7: "É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?".

É inegável que não gostamos de ser corrigidos. Desde muito pequeninos já temos a natureza de não gostar de repreensões. Nos debatemos, choramos, fazemos birra e, até revidamos. Sim, somos assim quando crianças, e porque não dizer que muitos adultos também.

A correção de Deus em nossas vidas não é porque Ele é um ser que gosta de nos ver sofrendo, mas, porque Ele nos quer levar a verdadeira condição de filhos. A única motivação de Deus em Suas repreensões e disciplinas a nós é que Ele sabe que nossa mente é de escravo (do pecado) e de filhos bastardos, que não sabem e não reconhecem sua posição, por isso, Deus tem como forma nos dar este "tratamento" agindo com disciplinas e repreensões. E, em muitas das vezes, é nos dizendo Não, é permitindo que passemos por apertos, é dando e tirando coisas de nós e é provocando emoções e sentimentos ao qual não nos preparamos. Sim, se estamos vivenciando uma dificuldade devemos mesmo é parar, deixar de ser a criança birrenta que se joga no chão do shopping, e olhar melhor para o que Deus quer nos apresentar naquela ocasião. Sim, não há luto, não há perda, não há nada de ruim que aconteça a nós que não nos seja para um objetivo final: nos tornar filhos de Deus.

Vejamos mais uma soma: "Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo,[...]" (Gálatas 4:1); mais: "Se alguém amimar o escravo desde a infância, por fim ele quererá ser filho." (Provérbios 29:21). Talvez as coisas ainda não tenham se encaixado tão bem a você, mas, objetivamente e novamente, a única intenção de Deus sobre nossas aflições, seja qual for, é nos levar a condição de filhos. É entendermos que para tudo, sim, para tudo há um propósito que irá nos conduzir até os braços de Deus.

Problemas e dificuldades vem e vão. Dias ruins logo se tornam em dias alegres. Coisas ruins não nos acontecem todos os dias. Um dia estamos doente, no outro dia estamos saudáveis. Enfim, a caminhada da vida é assim, com sol e com chuva. Deus sempre está lá para nos ajudar, para nos livrar, para nos consolar, para nos trazer um renovo de vida e fazer com que a gente passe por mais esta maré brava da vida. Porém, se não conseguirmos caminhar no sentido de filhos de Deus, então, não tivemos de fato o crescimento.

Não se debata em seus problemas e lamentações. Pare de agir diante de seus problemas como se aquilo fosse a guilhotina da sua vida. Veja que em cada dificuldade da vida há mais do que um simples problema a se combater e vencer, há uma busca pela filiação Divina. Aceite as muitas repreensões e disciplinas as quais Deus vai te colocar, porque, no fim, tudo o que Ele deseja mesmo é nos ver livres da escravidão e não mais como bastardos, mas sim como filhos.

Quando nos tornamos filhos, então, conquistamos o reino de Deus aqui na terra e na eternidade. Aceite melhor os dias difíceis. Entenda melhor que caminhar com Deus é assim mesmo, com lições a serem aprendidas. O importante da vida não é apenas passar pelas provas as quais somos jogados, mas entender o que cada prova quer nos ensinar. Deixemos hoje de ser bastardos, que sejamos verdadeiros filhos de Deus.

Se você não está contente com o que tem, ainda não estaria satisfeito com o dobro. (C. H. Spurgeon)

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