Teologia da Prospe... ops... do Coaching
Série: De onde vem isso?
"Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda vanglória semelhante a essa é maligna."
Tiago 4:16
Sem desonrar ou desmerecer o profissional (estamos falando de Reino de Deus). A teologia da prosperidade já apanhou demais. Seus grandes ícones já foram expostos e desmascarados. Felizmente ela está cada vez mais marginalizada e ficando limitada a determinadas igrejas. Um grande número de crentes tem repúdio por esse tipo de abordagem "evangélica". Pois bem, eis que há uma substituta para tal teologia da prosperidade, e ela se chama: Teologia do Coaching.
Mas o que é esse tal de coaching? Em resumo: Um mix de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências (administração, psicologia e ademais) visando a conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, familiar, espiritual ou financeiro. Procura conduzir e estimular, apoiar e despertar em seu cliente o potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja. E junto com o coaching cresceu o chamado empreendedorismo de palco, que são profissionais que trabalham com palestras motivacionais. Segundo Ícaro de Carvalho: "o empreendedorismo é a nova religião do homem moderno. Materialista e secular, ele substitui os Santos do seu altar por fotografias de homens bem sucedidos;"
Na igreja, a teologia do coaching se reproduz em 3 esferas: 1. Humanismo - utiliza de técnicas humanas num indivíduo que é o centro de tudo para que este alcance seus objetivos humanos. Muitos líderes religiosos tem se enveredado por este caminho. Tratam suas pregações como palestras motivacionais da fé que confundem fé com força e vontade, evangelho com motivacionismo e Jesus com um palestrante. O foco está naquilo que o homem pode fazer através de sua fé pessoal. Fé essa que passa por Cristo, mas que tem seu objeto na própria pessoa e nos seus esforços dirigidos. O apelo pode até ser espiritual, mas ainda assim você já deve ter escutado: "alcançando sucesso através da fé", "derrubando seus gigantes" e outros, tudo isso travestido de espiritualidade; 2. Materialismo - há um desejo enorme em conquistar coisas. Sejam elas materiais (bens e dinheiro) ou algo mais "espiritual" (paz, bom casamento, etc.). As pessoas querem conquistar, possuir e avançar, sendo tudo isso fruto não da humilhante auto confrontação e negação de si mesmo, mas da auto-afirmação. Neste sentido, o papel do pastor se tornou muito parecido com o do coaching: "estimular, apoiar e despertar em seu cliente (crente) o potencial infinito para que este conquiste". Há uma conexão com o existencialismo, onde o indivíduo e sua busca pessoal por significado em si mesmo passa a ser o centro do pensamento filosófico; 3. Ceticismo - Humanismo e materialismo são marcas de seres céticos. A crença no Deus da Bíblia é cada vez mais fraca onde esse tipo de cultura se manifesta. A teologia do coaching visa descobrir o potencial de cada pessoa para que ela alcance seus próprios objetivos. Dependência de Deus é algo apenas fantasiado. Orações são feitas apenas para que Deus abençoe nossos planos e para que Ele nos dê apoio em nossa própria empreitada. O sobrenatural é esquecido e Deus vai ficando cada vez mais distante. Nessa nova teologia o soberano é o indivíduo com suas decisões de fé e sucesso. Por fim, o Espírito Santo não tem espaço nessa teologia, mesmo que usem seu nome.
Este discurso tem atraído todo tipo de gente. E aqui está a transição entre as duas abordagens. A teologia da prosperidade faz uma barganha com Deus crendo que Ele efetuará milagres para benefício material e espiritual do homem. Já a teologia do coaching eliminou a barganha ao deixar Deus de longe, mas passou a ter no próprio homem a força "milagrosa" para seu benefício material e espiritual. Se na teologia da prosperidade ainda há uma certa dependência de Deus e Seu agir sobrenatural, na teologia do coaching o homem declarou sua dependência. A teologia do coaching é mais sútil, parece mais humilde, mas na verdade transborda soberba. A pregação fala o que as pessoas querem ouvir e pecados são tratados como pedra e obstáculos no caminho que devem ser superados.
O que a Bíblia diz sobre essa nova versão da teologia da prosperidade? "Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio em sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que Eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra;[...]" (Jeremias 9:23-24). Também: "Assim diz o Senhor: Maldito é o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor![...]Bendito é o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor." (Jeremias 17:5-7). E o balde de água gelada na teologia do coaching: "Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda vanglória semelhante a essa é maligna." (Tiago 4:13-16).
Ambas teologias são maléficas e distantes do cristianismo bíblico que leva o homem a negar a si mesmo, humilhar-se diante de Deus e depender Dele em tudo. Ter sucesso profissional e conquistar riquezas não é pecado em si, mas isso não pode ser um dos pontos centrais de nossa espiritualidade cristã. Cuidado para não substituir a teologia da prosperidade pela teologia do coaching, em ambas o deus que adoram é o mesmo: o homem!
Não podemos conhecer a Deus em Sua plenitude se o mundo nos influencia mais que as Escrituras. (Paul Washer)
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